Oscar Soto*
A decisão de Lula de apoiar Sergio Massa tem sido uma novidade no processo eleitoral argentino dado que o candidato Javier Milei é o que mais se aproxima da experiência Bolsonaro no Brasil e é muito importante pensar o futuro da região e do Mercosul com dois atores fundamentais como Argentina e Brasil.
Refiro-me aqui a Javier Milei - o
candidato da extrema-direita Argentina - que já se manifestou repetidamente
contra a possibilidade de dar continuidade ao Mercosul bem como de ter ligações
com países latino-americanos e até com a China porque são, segundo ele,
economias comunistas.
O apoio do Brasil à proposta da
União pela Pátria é, sem dúvida, um elemento importante quando se pensa em
equilíbrios internacionais. A Argentina encontra-se perante uma situação
extrema com um candidato sui generis,
sem partidos políticos, sem história política anterior, com um discurso
marginal que procura dolarizar a economia, extinguir o Banco Central,
privatizar a saúde, as ruas, a água, o mar, educação, em suma, retirar todos os
subsídios possíveis da economia além de romper relações com países da região e
uma série de propostas que chegam até à venda de órgãos e à comercialização de
bebês.
Esse é Javier Milei e a sua proposta política
ultraliberal é uma aposta no precipício. Nesse sentido, a Argentina se depara
com a possibilidade de dar continuidade aos 40 anos de democracia que se
comemoram este ano, ou pelo contrário, eleger através do voto popular um
neofascista com características místicas além de ter um forte desequilíbrio
emocional e até mesmo dizer algum de ordem mental.
Penso que é importante pensar nas
alianças latino-americanas e na possibilidade de nutrir o grande país com
governos populares e não com experiências como as de Bolsonaro, Trump e muitas
outras que causaram muitos danos tanto às economias nacionais como ao
intercâmbio político e económico, incluindo cultural na América Latina
***
O texto do amigo Oscar é assertivo e destaca aspectos
importantes da relação dos países latino-americanos e ascensão de uma
ultradireita mundial comprometida com o desmonte do Estado; fim dos direitos
trabalhistas; precarização do trabalho e rompimento com blocos econômicos
importantes para os países emergentes a exemplo do BRIC´s e Mercosul.
O fortalecimento de países emergentes e não submissão às
grandes potências mundiais capitalistas (sobretudo Estados Unidos) é um tema
que tem direcionado debates e pautado relações econômicas atuais. A questão de
Milei, Macri , Trump, Bolsonaro e tantos candidatos considerados outsiders
ascendendo na política mundial pode representar o fim do modelo democrático tal
qual conhecemos, pois as propostas veiculadas são de se aproveitar do regime
para se eleger e abandoná-lo em seguida após a eleição.
Além disso, as bravatas proferidas em tempos de campanha não
chegam perto de se concretizar na prática. Infelizmente algumas pessoas deixam
se levar por propostas que não são verossímeis e tandem a ameaçar a democracia
Luis Carvalho -
filósofo
* Tradução – Luis Carvalho.