Por Luís Carvalho
Cresce o grupo cristão
envolvido com questões políticas, mas há relação de escritos bíblicos com essa
realidade? Do ponto de vista cristão qual seria o melhor espectro político?
Um dia desses uma pessoa me perguntou o que eu achava
dos profetas. Nunca, até então, me tinha ocorrido a ideia de escrever algo
sobre o tema, ainda que em forma de verbete, mas me senti impulsionado por essa
dúvida a registrar – ainda que de forma sucinta – o que entendo sobre o
assunto.
No geral, as pessoas têm a impressão de que profecia tem relação direta e indireta com adivinhação, presságio ou coisa parecida. Muita gente costuma chamar de profeta quem faz previsões sobre o futuro e de profecia catástrofes, mas a profecia bíblica pouco – ou nada – tem relação com isso.
A profecia clássica começa com Elias. Há de se perguntar o motivo. Milton Schwantes é categórico em responder: “a profecia é a expressão maior da força do povo, do tribalismo” (SCHWANTES, 2008, p.35). O estudioso liga o movimento profético a realidade social do povo em confronto com a vontade divina. Para ele o ideal divino para o povo de Israel era o tribalismo (comunal), uma vez que, a monarquia e as alianças com impérios estrangeiros eram contrários aos designíos divinos, de modo que, os profetas eram vocacionados para serem arautos de Javé contra a opressão política, social e espiritual.
Nesse sentido, o profetismo bíblico é anti-imperialista, comunal, anarquista e em favor da população pobre. No prisma político, por exemplo, isso deveria estimular os grupos cristãos a lutarem em favor de uma perspectiva comunista (socialização da riqueza, uma vez que, quem socializa pobreza é o capitalismo) e alinhamento com partidos de esquerda, pois estes estariam em maior consonância com os ideias bíblicos.
Na contramão do que se prega atualmente o ideal cristão está mais alinhado com a esquerda do que com o liberalismo e a economia de mercado.
SCHWANTES. M. Breve história de Israel. São
Leopoldo: Oikos, 2008.
Luís
Carvalho
Luis Fernando de Carvalho Sousa é o
mais novo acendedor do Pavio Curto. Ele é resendense de nascimento e criado no bairro
Cidade Alegria. Estudou praticamente durante toda a educação básica no Colégio
Municipal Getúlio Vargas.
Filósofo e professor da área de
humanas, escreve em alguns periódicos da região. Possui livros escritos e
diversos artigos científicos publicados nas mais variadas revistas. Foi
candidato à vereador em Resende no coletivo “Plural Progressista” no ano de
2020, coletivo este liderado pelo professor Luciano Gonçalves, do PT.
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