domingo, 5 de novembro de 2023

Onde o socialismo deu certo? Na China...

 

Por Luis Carvalho

 


Frequentemente nos deparamos com a seguinte questão: onde o socialismo deu certo? Por ser uma pergunta que carrega determinados pressupostos quase sempre a resposta é dada por quem questiona e finalizada querendo dizer que o socialismo não deu certo em lugar nenhum.

Mesmo na URSS com todos os erros a contradições o socialismo fez com que o país saísse de uma nação pré-capitalista para a segunda maior potência mundial. Além disso fomentou várias mudanças, inclusive, tecnológicas. Destacando que o socialismo não é antagônico à tecnologia.

No que diz respeito à China, sobretudo, depois de 1979 houve uma mudança que fez com que o país se abrisse para a economia de marcado e não deixasse de ter o caráter socialista. Isso implica em afirmar que, por mais que se tenha uma inclinação voltada para o mercado quem controla a dinâmica de investimentos é o Estado.

No modelo chinês há propriedades privadas e investimentos estratégicos em determinados setores, contudo, quem controla as relações é o interesse público. A isso convencionou-se chamar “metamodo de produção”, que se trata de um modelo híbrido que mescla elementos do mercado e elementos de uma tônica socialista.

Além disso, o partido comunista chinês empenha-se em debater melhorias para a mobilidade, economia e bem-estar da população de forma geral. Algumas cidades estratégicas do país tem adotado modelos de desenvolvimento sustentável utilizando frotas inteiras de ônibus.

Obviamente que isso é um modelo embrionário que já é a maior potência do planeta e irá influenciar muitos países ao redor do mundo. Não há dúvidas que o modelo chinês deu certo e tende a pautar algumas discussões. Enfim...

Onde o socialismo deu certo? Na China.

* Filósofo    

Cristianismo e política: qual lado aderir?

 

Por Luís Carvalho

 

Cresce o grupo cristão envolvido com questões políticas, mas há relação de escritos bíblicos com essa realidade? Do ponto de vista cristão qual seria o melhor espectro político?

Um dia desses uma pessoa me perguntou o que eu achava dos profetas. Nunca, até então, me tinha ocorrido a ideia de escrever algo sobre o tema, ainda que em forma de verbete, mas me senti impulsionado por essa dúvida a registrar – ainda que de forma sucinta – o que entendo sobre o assunto.

No geral, as pessoas têm a impressão de que profecia tem relação direta e indireta com adivinhação, presságio ou coisa parecida. Muita gente costuma chamar de profeta quem faz previsões sobre o futuro e de profecia catástrofes, mas a profecia bíblica pouco – ou nada – tem relação com isso.

A profecia clássica começa com Elias. Há de se perguntar o motivo. Milton Schwantes é categórico em responder: “a profecia é a expressão maior da força do povo, do tribalismo” (SCHWANTES, 2008, p.35). O estudioso liga o movimento profético a realidade social do povo em confronto com a vontade divina. Para ele o ideal divino para o povo de Israel era o tribalismo (comunal), uma vez que, a monarquia e as alianças com impérios estrangeiros eram contrários aos designíos divinos, de modo que, os profetas eram vocacionados para serem arautos de Javé contra a opressão política, social e espiritual.

Nesse sentido, o profetismo bíblico é anti-imperialista, comunal, anarquista e em favor da população pobre. No prisma político, por exemplo, isso deveria estimular os grupos cristãos a lutarem em favor de uma perspectiva comunista (socialização da riqueza, uma vez que, quem socializa pobreza é o capitalismo) e alinhamento com partidos de esquerda, pois estes estariam em maior consonância com os ideias bíblicos.

Na contramão do que se prega atualmente o ideal cristão está mais alinhado com a esquerda do que com o liberalismo e a economia de mercado.

 

SCHWANTES. M. Breve história de Israel. São Leopoldo: Oikos, 2008.

  

Luís Carvalho

 


Luis Fernando de Carvalho Sousa é o mais novo acendedor do Pavio Curto. Ele é resendense de nascimento e criado no bairro Cidade Alegria. Estudou praticamente durante toda a educação básica no Colégio Municipal Getúlio Vargas.

Filósofo e professor da área de humanas, escreve em alguns periódicos da região. Possui livros escritos e diversos artigos científicos publicados nas mais variadas revistas. Foi candidato à vereador em Resende no coletivo “Plural Progressista” no ano de 2020, coletivo este liderado pelo professor Luciano Gonçalves, do PT.