Por Mani Ceiba
Sempre achei curioso os motivos das datas. Quando religiosas confesso que tenho uma certa preguiça, já que os santos são sempre heróis pelo ponto de vista de uma religião que se acha a única. Mas em outras datas, sempre procuro saber o porquê. Sei lá, acho que a História, minha segunda matéria favorita na escola, explica muita coisa do presente.
Anos atrás, convivendo com muitos estrangeiros, essa dúvida nasceu. Por que se comemora o dia dos namorados no resto do mundo em 14 de fevereiro e no Brasil em junho? A resposta foi bem decepcionante, principalmente para mim que tenho os dois pés no anticapitalismo.
No mundo se comemora o dia dos namorados no dia 14/02, o chamado Valentine's Day (Dia de São Valentim). Conta a história que um padre de Roma que foi condenado à pena de morte, enviou no dia do cumprimento de sua sentença uma carta de amor à mulher que estava apaixonado. Assim se originou a prática de mandar cartas à pessoa amada no dia 14 de fevereiro e consequentemente o dia dos namorados,
Bom, no Brasil, o motivo foi bem outro.
O Dia dos Namorados no Brasil é celebrado em 12 de junho desde 1948. A criação da data se deu como estratégia comercial pensada pelo publicitário João Doria, sim, ele mesmo, o pai do João Doria Jr. Ele foi contratado como publicitário para tentar alavancar a vendas em junho, mês em que costumavam ser fracas. Doria pai cogitou criar uma data que estimulasse o consumo, como o Dia das Mães, das crianças, por que não o Dia dos Namorados?
A escolha do dia (12) também foi estratégica. Porque é um dia antes da celebração de Santo Antônio, o santo casamenteiro e um dos santos mais queridos pelos brasileiros.
O slogan era "não é só com beijos que se prova o amor".
Você também ficou decepcionado? Dá até uma vontade de boicotar o dia...
Mas sabe qual eu acredito ser o maior boicote?
O amor
Independente de data, de dia ou motivo. As pessoas continuam se apaixonando. Mesmo acreditando que paixão e amor são coisas diferentes, não discuto que um leva ao outro e que paixões podem ser formas de amor também, mais leve e imaturo talvez, mas ainda demonstrações que somos seres que precisam e querem namorar. Carinho, beijo, um toque, um colo, um olhar, ser morada de uma outra pessoa que até ontem não fazia parte da sua vida. Ser invadida por emoções que não se tem controle que se manifestam no corpo com menos controle ainda... suor, lágrimas, tremedeiras, falta de ar... ou ainda respirações ofegantes.
Nesses nossos tempos de pandemia, o toque se tornou artigo de luxo, se fez tão mais necessário e percebemos, ou devíamos ter percebido, como faz falta!
Mesmo antes da pandemia, quem nunca abraçou sem ser abraçado de volta? Ou esperava um beijo e não ganhou? Sabemos o que é sentir isso! Lidar com formas de traições, quando se perde tanto no outro que não se sabe mais quem é. Quando mesmo querendo não conseguimos ficar juntos ou quando o convívio é terrível, mas o sexo... uau!! Continuamos...
E tentando e insistindo, mesmo quando pensa que não se quer mais passar por isso. Todo adulto já sabe que tudo pode acabar na próxima esquina, que muitos são os desafios num relacionamento, mas isso nunca foi impedimento para algo dentro de nós, que sempre volta a se apaixonar e faz a gente se sentir mais vivo ainda quando isso acontece.
Continuamos amando e continuaremos... E mais, todas as formas de amor. Porque amor não tem cor, nem raça, não tem orientação sexual, não tem idade, não tem forma, regra, número, não sei se realmente vence tudo como já ouvi, mas que ele sempre vai existir e sempre terão pessoas se apaixonando por aí, isso eu acredito.
Proponho uma vingança a toda essa publicidade de venda do amor, vamos nos beijar escandalosamente de todas as formas nesse dia e mostrar a Família Doria e simpatizantes, que eles estavam errados nisso também – SÓ COM BEIJOS SE PROVA SIM O AMOR
E não coloquem o coitado do Sto. Antônio de cabeça pra baixo!
Só nós mulheres poderemos mudar este quadro! Então,escreveremos mundos, universos e galaxias! Parabéns pelo artigo! Sigamos avante mulheres! Escrever e escrever!!!
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