terça-feira, 5 de outubro de 2021

Idoso no Brasil

Por Mani Ceiba

    Uma vez eu li algo assim: todos dizem que querem um mundo melhor, mas ninguém se levanta para dar lugar ao idoso. Acredito que essa frase resume muita coisa. 

    Nessa pandemia quem tem amor por seus idosos cuidou, defendeu, brigou por eles e seus direitos. Mas vimos que tem gente que não liga nem para a própria mãe... Descaso, falta de respeito e carinho por eles marcam esse governo.

    Quem teve avós presentes como eu, tenho certeza que sabe reconhecer o valor dos idosos na nossa vida, na nossa sociedade, na nossa evolução. Cheios de vivências, muitos são poesia e pura sabedoria. E cada vez mais ativos e presentes. 

    Minha bisavó materna viveu até os 107 e ainda brigava que o molho do macarrão não estava no ponto certo alguns dias antes de partir. Cheia de histórias que se misturavam com a história do nosso país, escravidão, imigrantes, ditaduras... Foi uma riqueza conviver com ela. E a minha avó galega que me criou, faleceu ano passado com 96 anos, não é possível desvincular minha vida da dela. Cheia de segredos na cozinha, fazia milagres com farinha e água! Meu avô que era minha paixão na infância, me levava em todos os parquinhos da cidade, meu conselheiro secreto na adolescência e me ensinou o valor de uma boa cachaça, mas sem esquecer a importância da tradição de um bom vinho português, também já se foi. Não é verdade que damos mais valor quando perdemos. Sempre fui apaixonada por eles e agradeço muito cada momento que me proporcionaram. 

    Mas nossos idosos estão aqui! E o aumento na expectativa de vida nos mostra que começamos a encarar um futuro com cerca de 19 milhões de brasileiros acima dos 80 anos, a partir de 2060. E existe um estatuto do idoso, que dei uma olhada rápida e bem... 

DEVERES DA SOCIEDADE CIVIL E DO ESTADO

    Deve-se assegurar, com prioridade, o direito à vida, à saúde, à educação, à cultura, ao trabalho, à cidadania, entre outros previstos a todos;

    Assegurar a convivência familiar e comunitária;

    Garantir dignidade e evitar tratamento desumano, violento ou constrangedor;

    Capacitar profissionais para atendimento às necessidades dos idosos;

    Orientar cuidadores e grupos de autoajuda nas instituições de saúde;

        Criar oportunidades de acesso à educação, adequando metodologia, material didático e conteúdo que contemple tecnologias, visando a integração digital;

    Abordar no ensino o processo de envelhecimento e o respeito aos idosos, a fim de combater preconceito e produzir conhecimentos;

    Reservar 10% dos assentos do transporte coletivo e 5% das vagas nos estacionamentos públicos e privados;

    Atender à gratuidade dos maiores de 65, em transportes coletivos urbanos e semi-urbanos;

    Está proibida a discriminação e um limite de idade, em emprego e concurso;

    Está proibida a cobrança de valores diferenciados em razão da idade nos planos de saúde.

    Não precisa de muita perspicaz para ver que não é assim na realidade.

    Estima-se que aproximadamente 70% dos idosos possuem alguma doença degenerativa-crônica e 25% têm limitações em suas atividades diárias, diminuindo as chances de manter uma vida saudável”. (Lebrão e Duarte, 2003).

    E temos também o alto índice de violência contra o idoso. O Disque 100, um telefone que atende denúncias contra direitos humanos, informa que em 2017 foram 32.632 denúncias de violência contra o idoso, que se dividem em:

    77% das denúncias são por negligência;

        51% por violência psicológica;

    38% por abuso financeiro e econômico ou violência patrimonial;

    26% por violência física e maus tratos.

    Segundo a experiência de especialistas em direitos humanos, esses números estão abaixo do que realmente acontece nos lares brasileiros. Um dos motivos para isso é a relação entre vítima e agressor, que pode ser um familiar ou mesmo o cuidador contratado. 

    Nos países asiáticos a velhice é sinônimo de experiência e sabedoria em que as pessoas idosas são tratadas com atenção e respeito. No Brasil a velhice é sinal de decadência e incapacidade e as pessoas com mais idade sofrem preconceitos e são desrespeitadas. 

    A solidão sempre foi um desafio dos idosos e ainda temos uma pandemia que pede um maior isolamento por eles serem parte de um grupo com alto risco de contágio e piora dos sintomas. 

    Estudos apontam maiores sequelas da Covid em idosos e segundo o site do poder360, os idosos representaram 51% das mortes registradas por Covid em julho.

    E ainda na pandemia do coronavírus acentuou a discriminação contra os idosos em aspectos como a ocupação dos leitos hospitalares. 

    O alerta foi feito por especialistas durante debate na Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara sobre o chamado “ageísmo” ou “idadismo”. Eles apontaram preconceito também no mercado de trabalho, na preparação dos estudantes de Medicina para atender aos pacientes mais velhos e na falta de investimentos nas Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPIs), entre outros aspectos.

    Idoso no Brasil tem que lutar todo tempo e todo dia.

    Não vamos mudar o mundo, não vamos deixar o mundo melhor, sem valorizar a importância dos nossos velhos, anciões, griôs, pajés, benzedeiras... 

    Cuide dos seus enquanto estão aqui, respeite todos sempre.

Origem desse dia no Calendário de Classe

Fontes : Agência Câmara de Notícias/Politize/BBC/câmara.leg/previva/poder360

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